2 º ANO - O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO BRASIL

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O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO BRASIL
BRASIL PRÉ-COLONIAL E A EXPLORAÇÃO DO PAU-BRASIL
Nas primeiras décadas que se seguiram ao descobrimento, o Brasil conheceu um relativo abandono. Salvo o monopólio régio do pau-brasil e a presença de algumas expedições no litoral brasileiro, os portugueses não se interessaram pelas novas-terras. Os esforços da metrópole, naquele momento, estavam concentrados no rendoso comércio com as Índias e no estabelecimento do Império Colonial do Oriente. Por essa razão, o período que vai de 1500 a 1530 recebeu a denominação de período pré-colonial.

1. As primeiras expedições

Em 1501, chegou ao litoral brasileiro a primeira expedição oficial portuguesa. Sob o comando de Gaspar de Lemos e trazendo a bordo o navegador Américo Vespúcio, o seu objetivo era o reconhecimento da costa brasileira, denominando os acidentes geográficos e elaborando um mapa do litoral. Dois anos depois (1503) uma nova expedição esteve no Brasil; desta feita, organizada por particulares e sob o comando de Gonçalo Coelho, prosseguiu o reconhecimento da nova terra e retomou a Portugal levando o primeiro carregamento de pau-brasil.
Nesse período, intensificava-se a presença de estrangeiros, especialmente dos franceses, no litoral brasileiro. O contrabando do pau-brasil aumentava, visto que os franceses estabeleceram sólidas alianças com os indígenas – os potiguaras no Norte e os tupinambás no Sul – que também eram empregados na extração da madeira. Ação desses entrelopos era apoiada por Francisco I, rei da França, que se recusava a aceitar as determinações do Tratado de Tordesilhas. Diante disso, Portugal enviou ao Brasil duas expedições com objetivos militares. A primeira em 1516 e a segunda em 1526, e ambas comandadas por Cristóvão Jacques: eram as expedições guarda-costas, que dispersaram ou aprisionaram mais de uma dezena de navios franceses e espanhóis, que também rondavam as terras portuguesas.
Essas expedições também deixaram no solo brasileiro os primeiros povoadores brancos. Na sua maioria, eram degredados, ou seja, condenados pela justiça ao trabalho nas galés, à prisão perpétua ou à morte, e que tinham suas penas substituídas pelo degredo.

2. Os primeiros passos da colonização

O ano de 1530 marca o início da colonização do Brasil. O lucrativo comércio de especiarias do Oriente mostrava-se deficitário, em razão dos altos custos militares que garantiam o monopólio português nas Índias. Além disso, crescia a presença dos contrabandistas franceses (entrelopos) no litoral brasileiro, intensificando o contrabando de pau-brasil. Diante desse novo quadro, D. João III, rei de Portugal, organizou a primeira expedição colonizadora, cujo comando foi dado a Martim Afonso de Sousa.
A primeira expedição colonizadora
Composta de quatrocentos homens, a expedição de Martim Afonso de Sousa tinha três finalidades: iniciar a colonização (povoamento), fazer o reconhecimento (exploração) e proteger o litoral contra a presença estrangeira. Por isso, parte dela navegaria até o Maranhão, reconhecendo o litoral e combatendo os franceses que infestavam a costa pernambucana. Outra, seguiria para o Sul, até atingir o rio da Prata, além de promover uma entrada para o interior, em Cananéia, São Paulo.
Uma Vila e um Engenho
Em 1532, Martim Afonso de Sousa fundou a vila de São Vicente, a primeira do Brasil, que com sua igreja, Câmara Municipal e Cadeia assinala o nascimento do primeiro núcleo de povoamento português na América. Ao redor da vila, surgiram plantações de cana-de-açúcar e um primeiro engenho: Engenho do Governador, depois batizado com o nome de São Jorge dos Erasmos. Transpondo a Serra do Mar, Martim Afonso encontrou João Ramalho,náufrago que vivia entre os índios do planalto de Pirantininga, onde foi instalada outra vila, que nunca prosperou.

CAPITANIAS HEREDITARIAS
Em 1534, D. João III implantou o sistema de capitanias hereditárias no Brasil. Com isso, Portugal dava início à colonização efetiva de suas terras na América, visando compensar os efeitos negativos da fracassada empresa mercantil nas Índias, e, ao mesmo tempo, proteger os seus domínios ameaçados pelas ambições estrangeiras. O sistema já fora aplicado com êxito nas ilhas atlânticas, durante o século XV e, mesmo no Brasil, já existia a capitania de São João, doada a Fernando de Noronha, correspondendo ao atual arquipélago que tem o seu nome.
O significado do sistema
O sistema de capitanias refletia a incapacidade econômica da Coroa em promover diretamente a colonização. Ao conceder terras a particulares, o Estado transferia também para a iniciativa privada o ônus da colonização. Os donatários recebiam lotes em caráter hereditário, indivisíveis e inalienáveis no todo ou em parte, e que podiam ser readquiridos somente pela Coroa. Vale dizer que o Estado concedia apenas a posse da terra, reservando para si o domínio, ou seja, a propriedade dela.
Descrição: Tratado de Tordesilhas
A divisão do Brasil em donatarias (capitanias hereditárias) correspondeu aos interesses lusos de ocupação sistemática do litoral brasileiro.
As capitanias hereditárias do Brasil
O Brasil foi dividido em 15 lotes que abrangiam de 30 a 100 léguas de costa, aprofundando-se para o interior até alcançar o meridiano de Tordesilhas. Foram criadas 14 capitanias (a de São Vicente compreendia 2 lotes) distribuídas a 12 donatários (Martim Afonso recebeu 2 lotes, e seu irmão, Pero Lopes recebeu 3). A partir daí, os donatários ficavam com a responsabilidade do cultivo, colonização e defesa das terras recebidas. Posteriormente, foram criadas mais duas capitanias: a de Trindade, em 1539, e a de Itaparica, em 1556.
Carta de doação e foral
Eram documentos que representavam as bases jurídicas do sistema. O primeiro garantia a concessão da capitania - dimensões e limites - e estabelecia o conjunto dos direitos e deveres do donatário. O Foral definia minuciosamente os direitos e tributos devidos ao rei, os direitos e obrigações dos colonos e suas relações com os capitães donatários. Esses documentos conferiam aos donatários poderes administrativos, jurídicos e militares, com responsabilidade somente perante o rei. O sistema, portanto, era caracterizado pela descentralização administrativa.
O fracasso do sistema
De um modo geral, o sistema de capitanias fracassou. Além da grande distância da metrópole, da hostilidade dos indígenas, da grande extensão dos lotes e do desinteresse dos donatários, faltaram recursos econômicos para a viabilização das capitanias e um órgão centralizador que coordenasse a empresa colonizadora. Das 14 capitanias criadas, apenas duas conheceram relativo êxito: a de Pernambuco e a de São Vicente, cujos donatários eram, respectivamente, Duarte Coelho Pereira e Martim Afonso de Sousa. Hábeis administradores, ambos souberam captar a amizade dos indígenas e desenvolveram com sucesso a lavoura canavieira, instalando engenhos, que, na sua maioria, tinham a participação de capital italianos e holandês.
GOVERNO GERAL
Em 1549, diante do fracasso do sistema de donatarias, D. João III criou o Governo-Geral do Brasil. Com ele, ficava estabelecido um órgão centralizador da ação colonizadora, garantindo-lhe uma unidade administrativa. Com o Governo-Geral, o Estado português assumia diretamente a colonização, sem extinguir, contudo, o sistema de capitanias; ou seja: Portugal ainda continuava se valendo dos esforços da iniciativa privada.
O conselho de Governo
O governador-geral era nomeado diretamente pelo rei por um período de quatro anos e contava com o concurso de três auxiliares, que com ele formavam o Conselho de Governo. Destes três auxiliares, o ouvidor-mor era responsável pela Justiça, o provedor-mor, pelas finanças e o capitão-mor, pela defesa do litoral.
Os governadores-gerais eram nomeados com base em um Regimento, um documento que definia seus encargos, atribuições e direitos no exercício da administração. O Regimento de Tomé de Sousa - o primeiro governador-geral, por exemplo – fixava como seus encargos: a fundação de uma cidade na Bahia, que seria a capital da colônia; a pacificação de índios rebeldes; a construção de fortes; o combate à ação de corsários e a doação de terras em sesmarias, entre outros.
Divisões e reunificações do governo do Brasil
Mem de Sá governou até 1572, quando faleceu em Salvador. O seu substituto, D. Luís de Vasconcelos, nomeado em 1570, morreu antes da posse, em confronto com franceses no mar. De 1572 a 1578, o Brasil foi dividido em dois governos: o do Norte (Salvador) a cargo de Luís de Brito e Almeida e o do Sul (Rio de Janeiro) com Antônio Salema. Com o fracasso da divisão, deu-se a reunificação. Salvador era novamente a sede, sob a administração de Lourenço da Veiga. Entre 1602 e1612, durante a União Ibérica, ocorreu nova divisão e outra reunificação. Em 1621, o Brasil foi dividido em dois estados: Estado do Brasil e Estado do Maranhão e, desta feita, até 1775, quando foi reunificado pelo Marquês de Pombal.

3º ANO - I GUERRA MUNDIAL E A CRISE DE 1929

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A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Introdução
A Primeira Guerra Mundial decorreu, antes de tudo, das tensões advindas das disputas por áreas coloniais. Dos vários fatores que desencadearam o conflito destacaram-se o revanchismo francês, a Questão Alsácia-Lorena e a Questão Balcânica. A Alemanha, após a unificação política, passou a reivindicar áreas coloniais e a contestar a hegemonia internacional inglesa, favorecendo a formação de blocos antagônicos.


Constituíram-se, assim, a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (Inglaterra, Rússia e França).Os blocos rivalizavam-se política e militarmente, até que em 1914, surgiu o motivo da eclosão da Guerra: o assassinato do herdeiro do trono Áustro-Húngaro (Francisco Ferdinando), em Sarajevo (Bósnia). À declaração de guerra da Áustria à Sérvia seguiram-se outras, formando-se as Tríplices Aliança  e Entente.O conflito iniciou-se como uma guerra de movimento para depois transformar-se em uma guerra de trincheiras. Em 1917, os EUA entraram na guerra ao lado da Tríplice Entente, no mesmo ano em que a Rússia, por causa da Revolução Bolchevique, retirava-se. 
A Política de Alianças e o Estopim da Guerra
As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo exaltado fomentavam todo um clima internacional de tensões e agressividade. Sabia-se que a guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento. Diante desse risco quase certo, as principais potências trataram de estimular a produção de armas e de fortalecer seus exércitos. Foi o período da Paz Armada. Característica desse período foi a elaboração de diversos tratados de aliança entre países, cada qual procurava adquirir mais força para enfrentar o país rival.
Ao final de muitas e complexas negociações bilaterais entre governos, podemos distinguir na Europa, por volta de 1907, dois grandes blocos distintos:
A Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália;
A Tríplice Entente: formada por Inglaterra, França e Rússia.
Essa aliança original entre países europeus modificou-se nos anos da guerra, tanto pela adesão de alguns países como pela saída de outros. Conforme seus interesses imediatos, alguns países mudavam de posição, como a Itália, que em 1915 recebeu dos países da Entente a promessa de compensações territoriais, caso mudasse de lado.


Mergulhada num clima de tensões cada vez mais insuportáveis, a Europa vivia momentos em que qualquer atrito, mesmo incidental, seria suficiente para incendiar o estopim da guerra. De fato, esse atrito surgiu em função do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco. O crime foi praticado pelo estudante Gavrilo Princip, ligado ao grupo nacionalista sérvio "Unidade ou Morte", que era apoiado pelo governo da Sérvia. O assassinato provocou a reação militar da Áustria, e a partir daí diversos outros países envolveram-se no conflito, uma verdadeira reação em cadeia (devido à política de alianças).




Rivalidades e Tensões Internacionais
As ambições imperialistas das grandes potências européias podem ser mencionadas entre os principais fatoras responsáveis pelo clima internacional de tensão e de rivalidade que marcou o início do século XX.
Essas ambições imperialistas manifestaram-se através dos seguintes fatores:
Concorrência econômica: As grandes potências industrializadas buscavam por todos os meios dificultar a expansão econômica do país concorrente. Essa concorrência econômica tornou-se particularmente intensa entre Inglaterra e Alemanha, que depois da unificação política entrou num período de rápido desenvolvimento industrial.
Disputa colonial: A concorrência econômica entre as nações industrializadas teve como importante conseqüência a disputa por colônias na África e na Ásia. O domínio de colônias era a solução do capitalismo monopolista para os problemas de excedentes de produção e de controle das fontes fornecedoras de matérias-primas.
Além desses problemas meramente econômicos, a Europa possuía focos de conflito que transpareciam no plano político. Em diversas regiões, surgiam movimentos nacionalistas que apresentavam o objetivo de agrupar sob um mesmo Estado povos considerados de mesmas raízes culturais. Todos esses movimentos políticos também estavam vinculados a interesses econômicos.
Entre os principais movimentos nacionalistas que se desenvolveram na Europa, podemos destacar:
O Pan-eslavismo: Liderado pela Rússia, pregava a união de todos os povos eslavos da Europa Oriental, principalmente aqueles que se encontravam dentro do Império Austro-Húngaro.
O Pan-germanismo: Liderado pela Alemanha, pregava a completa anexação de todos os povos germânicos da Europa Central.
Revanchismo francês: Com a derrota da França na guerra contra a Alemanha, em 1870, os franceses foram obrigados a ceder aos alemães os territórios da Alsácia-Lorena, cuja região era rica em minérios de ferro e em carvão. A partir dessa guerra, desenvolveu-se na França um movimento de cunho nacionalista-revanchista, que visava desforrar a derrota sofrida contra a Alemanha e recuperar os territórios perdidos.
Nesse contexto de disputas entre as potências européias, podemos destacar duas grandes crises, que provocariam a guerra mundial:


A eclosão da guerra

Ao visitar Saravejo, capital da Bósnia - região anexada ao Império Austro-Húngaro em 1908 - o príncipe herdeiro Francisco Ferdinando terminou sofrendo um atentado que lhe roubou a vida, juntamente com sua esposa, em 28 de junho de 1914. O autor, foi um estudante nacionalista chamado G. Princip, ligado à organização secreta pan-eslavista denominada "Unidade ou Morte" também conhecida como "Mão Negra", com vínculos na Sérvia: rival dos austríacos na disputa pelo controle da região.

A partir de então, os acontecimentos se precipitaram. Em 6 de julho a Alemanha assegura seu apoio incondicional a sua aliada (política de "carta branca"). Alguns dias depois a França renova seus acordos com a Rússia. Em 23 de julho, a Áustria responsabiliza a Sérvia pelo assassinato do príncipe herdeiro enviando um ultimato infamante que, se aceito, liquidaria com a independência do país. Dada a negativa dos sérvios, os austríacos ordenam a mobilização de suas forças armadas. Foi como se um imenso mecanismo político administrativo-militar fosse posto em movimento e ninguém mais poderia controlá-lo. No prazo de uma semana (de 28 de julho a 3 de agosto) todas as potências se mobilizam e entram em conflito (exceção da Itália). Multidões eufóricas invadem as avenidas, ruas e grandes logradouros, num furor patriótico inaudito. O enfastiamento do mundo burguês, acompanhado pelas tensões internacionais, transformou as declarações de guerra numa espécie de catarse coletiva: como disse um jovem "É preferível a guerra a esta eterna espera".


Da guerra de movimento à guerra de trincheiras

Bem poucos generais e políticos haviam se dado conta do mortífero desenvolvimento das armas modernas. Em 1898, um banqueiro de Varsóvia Ivan Bloch - já havia alertado para os terríveis efeitos que as armas de fogo cada vez mais poderosas fariam sobre a infantaria, obrigando esta a refugiar-se em trincheiras ou então estaria sujeita a terríveis massacres. Seu livro "THE FUTURE OF WAR IN ITS TECHNICAL ECONOMIC AND POLITICAL REATION" contemplava a guerra do futuro como enormes sítios em que a fome atuaria como juiz decisivo. O alerta pouco efeito teve sobre os militares e estadistas no período que antecedeu 1914. Pelo contrário, a imensa maioria dos especialistas calculava que o conflito duraria entre 4 a 6 meses no máximo, sendo ridicularizado aquele que predizia durar um ano ou mais. Quando a guerra teve seu início, quase todos os generais estavam apegados as doutrinas novecentistas não computando em seus cálculos os terríveis efeitos da METRALHADORA e da ARTILHARIA PESADA. Esses dois instrumentos tornaram inviáveis os deslocamentos desprotegidos dos bombardeios de GÁS DE MOSTARDA, empregados pela primeira vez pelos alemães em 22 de abril de 1915, assim como do LANÇA-CHAMAS, da AVIAÇÃO e do TANQUE DE GUERRA (utilizado pelos ingleses como arma tática de apoio a infantaria).

O recuo alemão para regiões mais afastadas de Paris combinou com o surgimento das trincheiras - "os soldados se enterraram para poder sobreviver". No inverno de 1914/5 760 quilômetros delas haviam sido escavados, partindo do canal da mancha até a fronteira suíça. Em alguns pontos, distanciavam-se apenas de 200,300 metros uma da outra, em outros chegavam a quatorze km. Durante os quatro anos seguintes, milhões de homens iriam viver como feras atormentadas pela fome, frio e pelo terror dos bombardeios. Em todas as batalhas que se sucederam, as linhas não se alteraram mais do que 18 quilômetros. Nunca em toda a história militar da humanidade tantos pereceram por tão pouco.
O fim da guerra

A Revolução de março de 1917, foi o sinal de alerta para as classes dirigentes européias apressarem o término da matança. Neste mesmo ano eclodiram vários motins no exército francês seno sufocados pelo Gen. Petain. Na Alemanha eclodem motins na esquadra em Kiel. O recrudescimento dos protestos e greves contra os regimes vigentes poderiam evoluir rapidamente para a Revolução. O desejo de uma paz imediata contaminou a todos. 

Os "14 Pontos do Presidente Wilson"

Em mensagem enviada ao Congresso americano em 8 de janeiro de 1918, o Presidente Wilson sumariou sua plataforma para a Paz que concebia: 1) "acordos públicos, negociados publicamente", ou seja a abolição da diplomacia secreta; 2) liberdade dos mares; 3) eliminação das barriras econômicas entre as nações; 4) limitação dos armamentos nacionais "ao nível mínimo compatível com a segurança"; 5) ajuste imparcial das pretensões coloniais, tendo em vista os interesses dos povos atingidos por elas; 6) evacuação da Rússia; 7) restauração da independência da Bélgica; 8) restituição da Alsácia e da Lorena à França; 9) reajustamento das fronteiras italianas, "seguindo linhas divisórias de nacionalidade claramente reconhecíveis"; 10) desenvolvimento autônomo dos povos da Áutria-Hungria; 11) restauração da Romênia, da Sérvia e do Montenegro, com acesso ao mar para Sérvia; 12) desenvolvimento autônomo dos povos da Turquia, sendo os estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo "abertos permanentemente"; 13) uma Polônia independente, "habitada por populações indiscutivelmente polonesas" e com acesso para o mar; e 14) uma Liga das Nações, órgão internacional que evitaria novos conflitos atuando como árbitro nas contendas entre os países. Os "14 pontos" não previam nenhuma séria sanção para com os derrotados, abraçando a idéia de uma Paz "sem vencedores nem vencidos". No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram aplicadas, pois o desejo de uma "vendetta" por parte da Inglaterra e principalmente da França prevaleceram sobre as intenções americanas. 

O Armistício

Em março de 1918, os alemães tentaram um último e desesperado esforço para romper a linha dos aliados antes que a presença das tropas americanas tornassem inviável a vitória. Mas a Alemanha já se encontrava exangue. Os quatro anos de guerra haviam-lhe retirado a flor da juventude masculina enquanto a população civil encontrava-se atormentada pela fome e inanição - resultado do bloqueio naval aliado. Em julho de 1918, ingleses, franceses e americano desferem sucessivos golpes sobre as divisões alemãs as obrigando a recuar até a fronteira belga. O Alto-Comando alemão - Hindemburg e Ludendorf aconselham o governo a solicitar um armistício. Em Berlim e demais cidades, multidões realizam manifestações contra o Kaiser, que em 10 de novembro embarca para seu exílio holandês. A velha monarquia dos Hoenzollers deixou de existir, sendo substituída pela República de Neimar. No dia seguinte, 11 de novembro, dois delegados republicanos encontram-se na FLORESTA DE COMPIÈGNE com o Marechal Foch e assinam os documentos que punham termo oficialmente à guerra. O massacre e destruição tinham finalmente chegado ao fim, mas o Velho Mundo nunca mais se recuperou. 


O Tratado de Versalhes e a Criação da Liga das Nações
No período de 1919 a 1929, realizou-se no palácio de Versalhes, na França, uma série de conferências com a participação de 27 estados nações vencedoras da Primeira Guerra Mundial. Lideradas pelos representantes dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, essas nações estabeleceram um conjunto de decisões, que impunham duras condições à Alemanha. Era o Tratado de Versalhes, que os alemães se viram obrigados a assinar, no dia 28 de junho de 1919. Do contrário, o território alemão poderia ser invadido.


Contendo 440 artigos, o Tratado de Versalhes era uma verdadeira sentença penal de condenação à Alemanha. Estipulava, por exemplo, que a Alemanha deveria:
Entregar a região da Alsácia-Lorena à França;
Ceder outras regiões à Bélgica, á Dinamarca e a Polônia;
Entregar quase todos os seus navios mercantes à França, Inglaterra e Bélgica;
Pagar uma enorme indenização em dinheiro aos países vencedores;
Reduzir o poderio militar dos seus exércitos sendo proibida de possuir aviação militar.
Não demorou muito tempo para que todo esse conjunto de decisões humilhantes, impostas à Alemanha, provocasse a reação das forças políticas que no pós-guerra, se organizaram no país. Formou-se, assim, uma vontade nacional alemã, que reivindicava a revogação das duras imposições do Tratado de Versalhes. O nazismo soube explorar muito bem essa "vontade nacional alemã", gerando um clima ideológico para fomentar a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
       
Além do Tratado de Versalhes, foram assinados outros tratados entre os países participantes da Primeira Guerra Mundial. Através desses tratados, desmembrou-se o Império Austro-Húngaro, possibilitando o surgimento de novos países.
       
Em 28 de abril de 1919, a Conferência de Paz de Versalhes aprovou a criação da Liga das Nações (ou Sociedade das Nações), atendendo proposta do presidente dos Estados Unidos. Sediada em Genebra, na Suíça, a Liga das Nações deu início às suas atividades em janeiro de 1920, tendo como missão agir como mediadora no caso de conflitos internacionais, procurando, assim, preservar a paz mundial.
      
A Liga das Nações logo revelou-se uma entidade sem força política, devido à ausência das grandes potências. O Senado americano vetou a participação dos Estados Unidos na Liga, pois discordava da posição fiscalizadora dessa entidade em relação ao cumprimento dos tratados internacionais firmados no pós-guerra. A Alemanha não pertencia à Liga e a União Soviética foi excluída. A Liga das Nações foi impotente para impedir, por exemplo, a invasão japonesa na Machúria, em 1931, e o ataque italiano à Etiópia, em 1935.
      
As duras marcas deixadas pela guerra motivaram diversas crises econômicas e políticas nos 20 anos seguintes, forjando as razões para o início de um conflito mais terrível: a Segunda Guerra Mundial.


A CRISE DE 1929 E A GRANDE DEPRESSÃO
A Economia Ocidental no Período Pós-Primeira Guerra Mundial;
1. Aumento da Interdependência Econômica: Um traço distintivo do período pós-Primeira Guerra Mundial foi o aumento da interdependência econômica entre os países. Por um lado, aumentava a circulação geral de bens e fundos; por outro, na hipótese de uma crise, esta teria também caráter mundial. Até o inicio da Primeira Guerra, as grandes potências industriais reservavam mercados para obter matérias-primas e colocar seus produtos manufaturados. A Primeira Guerra mudou esse panorama. Os países aliados passaram a depender dos Estados Unidos, como fornecedores de capitais e produtos para o esforço de guerra.
Ao término da Primeira Guerra, a Europa dependia muito dos Estados Unidos.
Participação das Potências em % na Produção Industrial Mundial de 1929
Países %
Estados Unidos
Alemanha
Grã-Bretanha
França
URSS
Demais Países
Total Mundial
44,8
11,6
9,3
7,0
4,6
22,7
100,0
2. A Prosperidade Norte-Americana e a Recuperação Econômica Européia: Durante a Primeira Guerra após o término do conflito, os estados Unidos forneceram capitais para a reconstrução da economia européia que, num intervalo relativamente curto (1918 – 1924), conseguiu recuperar-se. Essa recuperação provocou efeitos diretos na economia norte-americana. Os países europeus procuraram dinamizar suas respectivas produções e tronar-se menos dependentes dos produtos norte-americanos.
3. A Crise na Agricultura Norte-Americana: Durante e logo após a guerra os empresários agrícolas norte-americanos haviam investido muito na aquisição de terras, equipamentos, e todo o necessário para atender à demanda crescente dos mercados internos e externos. A partir de 1924, após exuberantes colheitas, há uma queda na procura e os preços começam a cair. Os agricultores precisavam vender seus produtos para saldar dívidas e hipotecas, mas não conseguem fazê-lo, o que agradava o quadro.
4. A Especulação Financeira: No mercado de títulos e valores havia um clima de euforia.
Facilitava-se o crédito para que pequenos investidores comprassem ações na bolsa. Os grandes investidores especializaram-se no negócio de compra e venda de ações fazendo fortunas de um dia para o outro. Dinamizava-se o mercado financeiro e investiam-se menos no setor produtivo.
Nessas situações, dinheiro circula com uma grande velocidade, sem corresponder efetivamente ao que ocorre na produção, que não possui o mesmo dinamismo. Entre 1925 e 1929, o índice geral dos títulos do setor industrial estava cotado em Wall Street (localização da Bolsa de Nova Iorque) em um valor duas vezes maior que o da produção industrial. Aumentavam sem que um correspondente crescimento no consumo justificasse tão altas cotações. Essas cotações elevadas eram produtos de atividade meramente especulativa. um conjunto de grandes investidores comprava grandes quantidades de títulos em baixa, o que induzia outros a comprar mais daqueles títulos. No momento que aumentava a procura elevam-se seus preços. Os especuladores colocavam seus títulos à venda e, na diferença entre o valor que desembolsaram para a compra e o valor que estavam obtendo pela venda, obtinham lucros.
5. O Crack de 1929: No dia 24 de outubro de 1929, a "Quinta-feira negra", 16 milhões de títulos foram colocados à venda sem que aparecessem compradores. Os preços dos títulos desabaram. A queda se acelerou e, no começo de novembro, os títulos perderam mais de um terço de seu valor. Acreditava-se que a crise era passageira. O presidente norte-americano, Hoover, afirmava tratar-se de uma simples recessão: "Comprem, a prosperidade está na próxima esquina". No começo de 1930, ocorreu uma melhora nas cotações. Os grandes especuladores aproveitaram para despejar no mercado os títulos que possuíam. Novo pânico se instaura arruinando milhares de pequenos investidores, que pegavam prestações de empréstimos pela compra de ações de que eram portadores mas que não tinham mais valor. A queda nas cotações disparava: as ações da US Steel, de 250 passaram a valer 22 pontos. As ações da Chrysler, de 135 passaram a 5 pontos, segundo os índices de valores da Bolsa de Nova Iorque.
6. A Propagação da Crise: Para saldar compromissos, os bancos norte-americanos deixaram de abrir linhas de crédito aos países estrangeiros e passaram a repatriar os capitais que tinham investido no exterior. Esses capitais haviam sido reinvestidos a longo prazo e na maior parte das vezes não se encontravam imediatamente disponíveis. Empréstimos não eram renovados e as dívidas passaram a ser executadas. A seqüência de falências é impressionante. Quebram bancos, e com eles as companhias que neles faziam seus depósitos em conta-corrente. A onda de desemprego aumenta exponencialmente. Sem empregos, não há rendas disponíveis, não há consumo, não há procura e, por conseguinte, não há produção e não há empregos. Este é o ciclo terrível: a crise a alimentar a crise que adquire uma dimensão mundial. Queda na produção industrial, queda no preço de produtos agrícolas. Países como Brasil, México e Argentina chegaram a Ter que destruir estoques agrícolas para tentar sustentar preços no mercado mundial. O comércio internacional ficou totalmente desorganizado.
O desemprego mundial, que era avaliado em 10milhões em 1929, atinge a cifra de 30milhões em 1932 – cifra que está aquém da realidade, pois trata de empregos e desemprego registrados. As tensões sociais aumentam gravemente.
A Superação da Crise
Maior Intervenção do Estado: Cada país, em função de seus problemas específicos, encaminhou de maneiras diferenciadas as medidas para superar a crise. Comum a todos foi um maior dirigismo econômico. Exceto na URSS , onde a economia era centralmente planificada, prevalecia até então o regime de livre-concorrência e o Estado interferia muito pouco nas atividades econômicas. Dentre as medidas para superar a crise, foi marcante a presença do Estado. O economista britânico John Maynard Keynes foi o grande teórico que advogou uma maior presença do Estado nas economias de mercado. Em 1936 era publicada sua obra que tomou-se um clássico do pensamento econômico – A Teoria do Emprego, do juro e da Moeda.
Superação da Crise nos EUA: o New Deal; Nas eleições de novembro de 1932para a presidência dos Estados Unidos, Herbert Hoover, do Partido republicano, não foi reeleito como esperava. Sucedeu-o o integrante do Partido Democrata, Franklin Delano Roosevelt, que governou o país de 1933 a 1945. Sua plataforma eleitoral estava baseada num programa de recuperação da economia do país, que foi chamado de New Deal.
Reforma Monetária e Intervenção na Agricultura: Roosevelt considerou, ao assumir o poder, que a medida mais importante seria provocar uma alta nos preços para que os produtores, vendendo mais caro, pudessem honrar suas dívidas. Para isso, fez desvalorizar o dólar. Os portadores de dólares, que os usavam em especulações, trataram de empatá-los em mercadorias, o que provocou um aumento na procura. As cotações na bolsa de valores voltaram a aumentar. Além da reforma monetária , providenciou uma reforma no setor agrícola por meio do AAA (Agricultura Adjustment Act – Ato de Ajustamento na Agricultura). Garantiu uma moratória da dívida dos empresários agrícolas, facilitou o crédito para saldar dívidas anteriores e tratou de racionalizar a produção para que não houvesse superprodução. A renda dos agricultores aumentou.
Ataque ao Desemprego e Auxílio ao Setor Industrial: Foram abertas ‘frentes de trabalho" para os desempregados. A coordenação desses trabalhos foi dada ao CWA (Civil Work Administration – Administração do Trabalho Civil): construção de estradas, de prédios públicos. Um projeto mais vasto, que se tornou um símbolo do programa de recuperação nacional, foi o TVA ( Tennessee Valley Authority) visando valorizar o vale do Tennessee, com a criação de condições para sua navegabilidade: barragens e usinas, garantindo muito emprego de mão-de-obra. Era necessária uma "nova repartição"(New Deal) da renda nacional e a garantia do poder de compra do consumidor norte-americano. O NIRA (National Industrial Recovery Act – Ato de restabelecimento industrial Nacional), de junho de 1933, visava eliminar o desemprego no setor industrial, dando à indústria "uma certeza de lucros razoáveis e aos trabalhadores um salário suficiente". cada ramo de atividade industrial deveria estabelecer um "código de concorrência leal que garantisse aos trabalhadores um salário mínimo, limitação de horas de trabalho (para absorver um número maior de desempregados) e um preço mínimo de venda dos produtos. Roosevelt conseguiu com seu programa recuperar a economia norte-americana. A partir de 1937, a atividade produtiva cresce ainda mais com o desenvolvimento da política armamentista, que está associada aos problemas internacionais que levaram à Segunda Guerra Mundial.
Autoria: Simone Élide Bortoletto

1º ANO - MESOPOTÂMIA

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                           CIVILIZAÇÃO MESOPOTÂMICA


A Mesopotâmia é uma região histórica do Oriente Médio (Ásia), incluída no Iraque e banhada pelos rios: Tigre e Eufrates. A palavra mesopotâmia, em grego, significa região entre rios. Estendendo-se desde o Deserto da Síria , a N.O, até as margens do Golfo Pérsico, a S.E., compreende duas áreas distintas:
O Planalto ou Alta Mesopotâmia, de constituição geológica complexa, onde predominam formas muito eruditas;
A Planície ou Baixa Mesopotâmia, de origem rudimentar recente, cheia de lagoas, pântanos e canais naturais.
Uma elevação de 75 metros de altura, situada nas proximidades da cidade de Bagdá, marca o limite entre ambas.
É exatamente nesse ponto que se aproximam bastante os cursos dos dois famosos rios: o Tigre, que desce das montanhas do Curdistão, e o Eufrates, que procede do Planalto da Anatólia, entrelaçando suas águas através de pântanos, lagos e canais. Afastam-se a seguir, para reencontrarem-se pouco antes da foz, fundindo-se num só: o Chat-el-Arab (Rio dos Árabes), que se lança no Golfo Pérsico.
Em junho e julho, as águas desses rios avolumam-se, devido à fusão das galerias existentes nas cabeceiras e pelas fortes chuvas que caem nos cursos superiores e transbordam por sobre a planície, fertilizando-se nas cabeceiras.
Essa rica planície atraiu uma série de povos, que se encontraram e se misturaram, empreenderam guerra e dominaram uns aos outros, formando o que denominamos "civilização mesopotâmica". Entre esses povos temos:
  • Os Sumérios
  • Os Babilônicos
  • Os Assírios
  • Os Caldeus

Civilização mesopotâmica


Relações socias na Mesopotâmia 

A sociedade mesopotâmica era dividida em castas. Os sacerdotes, os aristocratas, os militares e os comerciantes formaram castas privilegiada (a minoria). A maioria da população era formada pelos artesões, camponeses e escravos.


A religião 

Os mesopotâmicos adoravam diversas divindades e acreditavam que elas eram capazes de fazer tanto o bem quanto o mal. Os deuses diferenciavam-se dos homens por serem mais fortes, todo-poderosos e imortais. Cada cidade tinha um deus próprio, e, quando uma alcançava predomínio político sobre as outras, seu deus também se tornava mais cultuado.
No tempo de Hamurábi, por exemplo, o deus Marduc da Babilônia foi adorado por todo o império.
A divindade feminina mais importante era Ihstar, deusa da natureza e da fecundidade. Os Sumérios consideravam como principal função a desempenhar na vida, o culto a seus deuses e quando interrompiam as orações, deixavam estatuetas de pedra que os representavam diante dos altares, para rezarem em seu nome.


Organização Política

Os pântanos da antiga Suméria (hoje sul do Iraque), foram o berço das cidades-estados do mundo. As cidades-estados pertenciam a um Deus, representado pelo Rei. A autoridade do Rei estendia-se a todas as cidades-estados. Ele era auxiliado por sacerdotes , funcionários e ministros .
Legislava em nome das divindades, assegurava as práticas religiosas, zelava pela defesa de seus domínios, protegia e regulamentava a economia.
O mais ilustre soberano da Mesopotâmia foi Hamurábi, por volta de 1750 A.C., um Rei Babilônico, que conseguiu conquistar toda a Mesopotâmia . Hamurábi fundou um vasto Império, ao qual impôs a mesma administração e as mesmas leis. Era uma legislação baseada na lei de Talião (Olho por Olho, Dente por Dente, Braço por Braço, etc)
É o famoso código de Hamurábi, o primeiro conjunto de leis escritas da História.


A economia

A Mesopotâmia manteve sempre permanente contato com os povos vizinhos. Babilônia e Nínive eram ligadas entre si por canais e eram as duas cidades mais importantes. A navegação nos rios Tigre e Eufrates era feita em barcos. As principais atividades econômicas eram a agricultura e o comércio. Os mesopotâmios desenvolveram também a tecelagem, fabricavam armas, jóias e objetos de metal; mantinham escolas profissionais para o aprimoramento de fabricação de armas e cerâmicas.
Os comerciantes andavam em caravanas, levando seus produtos aos países vizinhos e às regiões mais distantes. Exportavam armas, tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.
Dessas terras traziam as matérias-primas que faltavam na Mesopotâmia, como o Marfim da Índia, o Cobre de Chipre e a madeira do Líbano.


A ciência 

Embora a roda do oleiro tivesse sido inventada nos tempos pré-históricos, foram os Sumérios que construíram os primeiros veículos de rodas.
Desenvolvendo os conhecimentos adquiridos pelos Sumérios, os Babilônicos fizeram novas descobertas, como o Calendário e o relógio de Sol.
Os Caldeus, sem dúvida, os mais capazes cientistas de toda a história mesopotâmica, tendo deixado importantes contribuições no campo da astronomia. Os mesopotâmios também conheciam pesos e medidas.
Devemos aos Mesopotâmicos, vários elementos de nossa própria civilização, como:
  • O ano de 12 meses e a semana de 07 dias,
  • A divisão do dia em 24 horas,
  • A crença nos horóscopos e os dozes signos do zodíaco,
  • O habito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua,
  • O círculo de 360 graus,
  • O processo aritmético da multiplicação.


A escrita

A invenção da escrita é atribuída aos Sumérios.
Eles escreviam na argila mole com o auxílio de pontas de vime. O traço deixado por essas pontas tem a forma de cunha (V), daí o nome de " escrita cuneiforme" .
Com cilindros de barro, os mesopotâmicos faziam seus contratos , enquanto no Egito se usava o papiro.
Em 1986, foi descoberta por arqueólogos, perto de Bagdá, Capital do Iraque, uma das mais antigas bibliotecas do mundo, datada do século X - A.C..
A biblioteca continha cerca de 150.000 tijolos de argila com inscrições sumerianas. A literatura caracterizava-se pelos poemas religiosos e de aventura.


A arquitetura 

O edifício característico da arquitetura suméria é o zigurate, depois muito copiado pelos povos que se sucederam na região. Era uma construção em forma de torre, composta de sucessivos terraços e encimada por um pequeno templo.
Nas obras arquitetônicas os mesopotâmicos usavam tijolos cozidos (pois a pedra era muito cara) e ladrilhos esmaltados. Preferiam construir palácios. As habitações de escravos e homens de condições mais humildes eram às vezes, simples cubos de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado era plano e feito com troncos de palmeira e argila comprimida. As casas simples não tinham janelas e à noite eram iluminadas por lampiões de óleo de gergelim.


A arte na Mesopotâmia

Para falarmos da arte desta civilização que é um aglomerado de vários povos como os Sumérios, Assírios, Babilônios, Hebreus, Fenícios, Medos, Persas e Hititas, devemos dizer que a Bíblia nos conta dos Tribunais de Justiça entre os Assírios, da Torre de Babel e da faustosa Nínive.
Do cativeiro de 60 anos dos judeus e da conquista de Nabucodonosor. Da sentença de Deus contra a grande prostituta e das salvas da sua ira, que sete dos seus anjos derramaram sobre as terras do Eufrates. Os profetas Isaías e Jeremias pintaram suas visões terríveis da destruição do mais famoso entre os reinos.
Há pouco mais de um século, toda a ciência Assíria era para nós um livro fechado. Hoje, será possível escrever a história de mais de dois mil anos de Mesopotâmia e pintar os verdadeiros caracteres de seus senhores.
A cólera do Senhor está situada exatamente entre os rios Tigre e Eufrates.
Falar sobre a civilização nos faz perceber um mistério que envolve todo um povo e uma história.
Esta civilização foi profeticamente condenada a desaparecer. " Ele estenderá a mão contra o Norte e destruirá a Assíria e fará de Nínive uma desolação e a terra árida como um deserto onde tudo se deitará".
A terra entre os dois rios, escondeu durante séculos, palácios, templos e estátuas de reis e deuses. Foi uma civilização rica e cheia de mistérios. Os palácios suspensos , jardins afrodisíacos ornados com tijolos vitrificados e alabastro, leões alados, touros, águia e estatuas gigantescas denominadas de guerreiros de Jeová. Era para nós um livro fechado e a poucos decênios os soberanos assírios nos pareciam lendas e fantasmas.
Somente a Bíblia nos mostrava a verdade desta civilização e não os fatos comprovados que a ciência necessita. Passagens significativas como o Livro dos Mortos, Sodoma e Gomorra, Noé, Moisés, Golias, Guerra de Tróia, a Ilíada e a Odisséia se eram estórias ou lendas, realidade ou fantasia, o que podemos concluir é que nos foi deixado um grande legado em esculturas, escritas, baixo relevo e pintura nas escavações realizadas em 1840.
O povo desta época atingiu um alto nível de desenvolvimento na matemática , astronomia, medicina e nas ciências.
A pintura era subsidiária da escultura e a decoração colorida era um poderoso elemento de complementação das atitudes religiosas.
A pintura tinha ausência das três dimensões, onde ignoravam a profundidade.
Nos baixos relevos, o uso de conchas, mosaicos vitrificados e madrepérolas se sobressaiam nas colunas e muros.
Na música encontram-se instrumentos gravados em pedras e do seu sistema musical nada chegou até nós.
Na decoração a pedra era esculpida em frisos com motivos circulares e as combinações decorativas obtidas com suas disposições variadas, descendem dos motivos antigos e bizantinos. O gesso entalhado e o estuque, cujo emprego foi amplamente utilizado na Pérsia para revestir as paredes.
A madeira era esculpida e com um sistema de marchetaria encontravam-se nsa portas e sarcófagos.
Na cerâmica os jarros de bronze eram criados com relevos ora lavrados, ora rendilhados com frisos e medalhões em azuis-lazurita, verdes-turquesa, ouro, cinábrios, granadas e rubis.
O vidro era esmaltado, moldado e entalhado na cor vermelha e dourado sobre fundo claro.
O bronze e o cobre e às vezes o ouro eram muito usados nos utensílios ou para simples enfeite para portas.
Na religião os deuses deram destaques:
  • Anou - deus do Céu
  • Enki – deus da Terra
  • Nin-ur-sag – deus da Montanha
  • Assur – deus Supremo
A relação com os deuses era marcada pela total submissão às suas vontades.


Musica e Dança

A música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilônicos, estava ligada à religião.
Quando os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em louvor dos deuses, com acompanhamento de música. Esses hinos começavam muitas vezes, pelas expressões: " Glória, louvor tal deus; quero cantar os louvores de tal deus", seguindo a enumeração de suas qualidades, de socorro que dele pode esperar o fiel.
Nas cerimônias de penitência, os hinos eram de lamentação: "aí de nós", exclamavam eles, relembrando os sofrimentos de tal ou qual deus ou apiedando-se das desditas que desabam sobre a cidade. Instrumentos sem dúvida de sons surdos, acompanhavam essa recitação e no corpo desses salmos, vê-se o texto interromper-se e as onomatopéias "ua", "ui", "ua", sucederem-se em toda uma linha. A massa dos fiéis devia interromper a recitação e não retomá-la senão quando todos, em coro tivessem gemido bastante.
A procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as cerimônias religiosas e mesmo as cerimônias civis. Sobre um baixo-relevo assírio do British Museum que representa a tomada da cidade de Madaktu em Elam, a população sai da cidade e se apresenta diante do vencedor, precedida de música, enquanto as mulheres do cortejo batem palmas à oriental para compassar a marcha.
O canto também tinha ligações com a magia.
Há cantos a favor ou contra um nascimento feliz, cantos de amor, de ódio, de guerra, cantos de caça, de evocação dos mortos, cantos para favorecer, entre os viajantes, o estado de transe.
A dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apóia em magia sobre leis da semelhança. Ela é mímica, aplica-se a todas as coisas:- há danças para fazer chover, para guerra, de caça, de amor etc.
Danças rituais têm sido representadas em monumentos da Ásia Ocidental, Suméria. Em Thecheme-Ali, perto de Teerã; em Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região de Susa, cacos arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as mãos, cabelos ao vento, executando uma dança. Em cilindros-sinetes vêem-se danças no curso dos festins sagrados (tumbas reais de Ur).
Em casos de possessão os serviços religiosos contavam com dançarinos, natores e músicos.


O que é a Mesopotâmia

Entre a Ásia, a África e Europa, uma região fertilizada pelas inundações periódicas de dois grandes rios atraiu muitos povos e os obrigou a desenvolver obras de engenharia. Para coordenar sua realização surgiu o Estado. Essa região foi chamada Mesopotâmia e dominada, sucessivamente pelos sumérios, acádios, amoritas, assírios e caldeus.
A economia da Mesopotâmia baseava-se principalmente da agricultura, mas os povos da região desenvolveram também a criação de gado, o artesanato , a mineração e um ativo comércio à base de trocas que se estendia à Ásia menor, ao Egito e à Índia.
Sua organização social formava uma pirâmide que tinha no topo os membros da família real, nobres, sacerdotes e militares. A base era composta por artesões, camponeses e escravos.
A religião era politeísta e os deuses antropomórficos. Destaca-se o deus do Sol, Shamach; Enlil, a deus do vento e das chuvas; e Ishtar, a deusa do amor e da fecundidade.
Não acreditavam na vida após morte e não se preocupavam com os mortos, mas acreditavam em demônios, gênios, espíritos bons, magias e adivinhações. A importância que atribuíam aos astros levou-os a criar o zodíaco e os primeiros horóscopos.
3500 a.C.
Os sumérios fixaram-se no sul da Mesopotâmia. Agricultores e criadores de gado desenvolveram a escrita cuneiforme e os veículos sobre rodas.
2300 a.C.
Os acádios dominaram os sumérios graças ao uso do arco e flecha, mas trezentos anos depois foram dominados pelos amoritas (antigos babilônicos), cuja principal criação foi os primeiros códigos de leis escritos da História, o Código de Hamurabi.
Século VIII a.C.
Os amoritas foram dominados pelos assírios, que haviam desenvolvido um poderoso exército usando armas de ferro, carros de combate e aríetes. Além da Mesopotâmia, dominaram a Síria, Fenícia, Palestina e Egito.
612 a.C.
Foram vencidos por uma aliança de caldeus e medos. Os caldeus (novos babilônicos) reconstruíram a Babilônia, mas sua dominação durou pouco.
539 a.C.
Em 539 a.C. foram vencidos pelos persas de Ciro, o Grande, que libertou os judeus do cativeiro da Babilônia.
Autoria: Tâmara Cláudia de Araújo